Mário de Sá-Carneiro

Mário de Sá-Carneiro – Escavação

Mário de Sá-Carneiro
image_pdfimage_print

Numa ânsia de ter alguma cousa, 
Divago por mim mesmo a procurar, 
Desço-me todo, em vão, sem nada achar, 
E a minh’alma perdida não repousa. 

Nada tendo, decido-me a criar: 
Brando a espada: sou luz harmoniosa 
E chama genial que tudo ousa 
Unicamente à fôrça de sonhar… 

Mas a vitória fulva esvai-se logo… 
E cinzas, cinzas só, em vez do fogo… 
– Onde existo que não existo em mim? 

. . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . 

Um cemitério falso sem ossadas, 
Noites d’amor sem bôcas esmagadas – 
Tudo outro espasmo que princípio ou fim… 

Mário de Sá-Carneiro, Dispersão

Você gostou deste poema?

Você Pode Gostar Também

Sem comentários

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.