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Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu – Faz anos navego o incerto

caio fernando abreu

Faz anos navego o incerto.
Não há roteiros nem portos.
Os mares são de enganos
e o prévio medo dos rochedos
nos prende em falsas calmarias.
As ilhas no horizonte, miragens verdes.
Eu não queria nada além
de olhar estrelas
como quem nada sabe
para trocar palavras, quem sabe um toque
com o surdo camarote ao lado
mas tenho medo do navio fantasma
perdido em pontas sobre o tombadilho
dou a face e forma a vultos embaçados.
A lua cheia diminui a cada dia.
Não há respostas.
Queria só um amigo onde pudesse jogar o coração
como uma âncora.

Caio Fernando Abreu, Poesias nunca publicadas de Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu – Breve memória

caio fernando abreu

De ausências e distâncias te construo
amigo
amado.
E além da forma
nem mão
nem fogo:
meu ser ausente do que sou
e do que tenho, alheio.

Na dimensão exata de teu corpo
cabe meu ser
cabe meu voo mais remoto
cabem limites, transcendências.
Na dimensão do corpo que tu tens
e que eu não toco
cabe o verso torturado
e um espesso labirinto de vontades.

 

Caio Fernando Abreu, Poesias nunca publicadas de Caio Fernando Abreu