À beira do rio fui dançar… Dançando Me estava entretendo, Muito a sós comigo, Quando na outra margem, como se escondendo Para que eu não visse que me estava olhando, Por entre os salgueiros vi o meu amigo. Vi o meu amigo cujos olhos tristes Certo se alegravam De me ver dançar. Fui largando as …
Categoria: José Régio
José Régio – Poema do silêncio
Sim, foi por mim que gritei. Declamei, Atirei frases em volta. Cego de angústia e de revolta. Foi em meu nome que fiz, A carvão, a sangue, a giz, Sátiras e epigramas nas paredes Que não vi serem necessárias e vós vedes. Foi quando compreendi Que nada me dariam do infinito que pedi, – Que …
José Régio – Soneto de amor
Não me peças palavras, nem baladas, Nem expressões, nem alma… Abra-me o seio, Deixa cair as pálpebras pesadas, E entre os seios me apertes sem receio. Na tua boca sob a minha, ao meio, Nossas línguas se busquem, desvairadas… E que os meus flancos nus vibrem no enleio Das tuas pernas ágeis e delgadas. E …
José Régio – Natal
Mais uma vez, cá vimos Festejar o teu novo nascimento, Nós, que, parece, nos desiludimos Do teu advento! Cada vez o teu Reino é menos deste mundo! Mas vimos, com as mãos cheias dos nossos pomos, Festejar-te, — do fundo Da miséria que somos. Os que à chegada Te vimos esperar com palmas, frutos, hinos, …