Navegando pela Categoria

Diogo Cardoso

Diogo Cardoso

Diogo Cardoso – Os anos

quando os anos dançavam em meus dedos,
eu era triste e sorria.
a mãe carregava coroa de pétalas na cintura,
dançando o sol ensandecido.

era a mãe na mão do filho.

quando a mãe brincou o sol no ânus,
era tempo de descoberta.
o filho dançava coroa triste nas pétalas,
fazendo orvalhos.

era a mãe estancada na pupila do filho.

o filho carregava sorriso nos dedos;
a mãe, o sol no filho.
dançavam coroas ensandecidas
de orvalhos na cintura.

eram pétalas entre filho e mãe.

quando eram filho e mãe, os anos
orvalhavam a cintura triste.
as pétalas ensandecidas de orvalho
conjugavam pupila e tempo.

os anos estancaram mãe e filho;
o tempo ensandeceu dedo e ânus.
as pétalas dançavam o triste sorriso do orvalho.
a mãe brincou na mão do filho.

o sol coroou descoberta.

pétala. orvalho. filho. mãe : conjugados na mão ensandecida.

quando o sol ensandeceu os anos,
(eu era tempo e os anos)

a mãe.
o filho.

Diogo Cardoso, Desvio para o Vermelho treze poetas Brasileiros Contemporâneos