Da paixão de um cocheiro e de uma lavadeira Tagarela, nasceu um rebento raquítico. Filho não é bagulho, não se atira na lixeira. A mãe chorou e o batizou: crítico. O pai, recordando sua progenitura, Vivia a contestar os maternais direitos. Com tais boas maneiras e tal compostura Defendia o menino do pendor à sarjeta. …
Categoria: Vladímir Maiakóvski
Vladimir Maiakovski – Adultos
Os adultos fazem negócios. Têm rublos nos bolsos. Quer amor? Pois não! Ei-lo por cem rublos! E eu, sem casa e sem teto, com as mãos metidas nos bolsos rasgados, vagava assombrado. À noite vestis os melhores trajes e ides descansar sobre viúvas ou casadas. A mim Moscou me sufocava de abraços com seus infinitos …
Vladimir Maiakovski – Adolescente
A juventude de mil ocupações. Estudamos gramática até ficar zonzos. A mim me expulsaram do quinto ano e fui entupir os cárceres de Moscou. Em nosso pequeno mundo caseiro brotam pelos divãs poetas de melenas fartas. Que esperar desses líricos bichanos? Eu, no entanto, aprendi a amar no cárcere. Que vale comparado com isto a …
Vladimir Maiakovski – A flauta vértebra
A todas vocês, que eu amei e que eu amo, ícones guardados num coração-caverna, como quem num banquete ergue a taça e celebra, repleto de versos levanto meu crânio. Penso, mais de uma vez: seria melhor talvez pôr-me o ponto final de um balaço. Em todo caso eu hoje vou dar meu concerto de adeus. Memória! …
Vladímir Maiakóvski – Nacos de nuvem
No céu flutuavam trapos de nuvem – quatro farrapos; do primeiro ao terceiro – gente; o quarto – um camelo errante. A ele, levado pelo instinto, no caminho junta-se um quinto. Do seio azul do céu, pé-ante- pé, se desgarra um elefante. Um sexto salta – parece. Susto: o grupo desaparece. E em seu rasto …