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Laura Riding

Laura Riding

Laura Riding – O Misterioso sejaquemfor

A película repousa – não nos olhos mas repousa –
No conglomerado, o todo nublado
Em que estamos e não estamos,
Cegos de qualquer jeito.

Uma órbita abarrotada de um olho vazio
Não é fútil o bastante, nem cruel.
Até o imperfeito objeto de uma perfeita visão
É comida, de leve,
Vê só!

Eu sei de nós,
Não sou tão só assim,
Sabemos de mim,
Embora bem pouco.

A fome de contemplar
Implora com mais apetite
Depois de um susto sutil
Quando a película cai novamente
Sobre o sempre súbito estranho,
O mediador notório
Entre eu e a gente,
Entre a gente e eu,
O misterioso sejaquemfor:
Você.


Laura Riding, Poemas

Laura Riding

Laura Riding – Verdade

Sempre procuramos a Verdade.
Ela tem medo de ser pega.
Livros são gaiolas.
Verdade não é um canário
Para ciscar palavras com paciência
E morrer depois de comer todas.

A verdade não gostaria de viver
Na cabeça ou na garganta ou no coração de alguém.
Não tente acha-la ali.

A verdade não é dríade pra ser punida numa arvore
A verdade não é nenhuma náiade.
A verdade certamente se afogaria numa fonte.

Deixe a terra em paz.
A verdade não deixa pegadas.
Não escute
Até o silencio se pôr com a lua.
A verdade não faz ruídos.
Não siga a luz
Que segue o sol
Que segue a noite.
A verdade dança além da luz
E do sol
E da noite.
A verdade não pode ser vista.

Deixe a curiosidade ficar em casa.
Ela pode se perder.
(A verdade frequenta antros estranhos.)
Se, criança, o segredo se calça,
Um dia será imprudência.

Deixe a verdade em paz.
A verdade não pode ser pega.
Acho que ela não vive nada, não,
Pois teria medo de morrer, então.

Laura Riding, Mindscapes – poemas