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Safo

Safo

Safo – A amada

Ventura, que iguala aos deuses, 
Em meu conceito, desfruta 
Quem, junto de ti sentada, 
As doces falas te escuta, 
Goza teu mago sorrir. 
  
Quando imagino em tal gosto 
É minha alma um labirinto; 
Expira-me a voz nos lábios; 
Nas veias um fogo sinto; 
Sinto os ouvidos zunir. 
  
Gelado suor me inunda; 
O corpo se me arrepia; 
Fogem-me as cores do rosto, 
Como ao vir da quadra fria 
Entra a folha a desmaiar. 
  
Respiro a custo, e já cuido 
Que se esvai a doce vida! 
Arrisquemo-nos a tudo… 
Contra uma angústia insofrida 
Tudo se deve tentar…

Safo, Poemas

Safo

Safo – (fragmentos de um poema)

“Parece-me igual aos deuses
ser aquele homem que, à sua frente sentado,
de perto, doces palavras, inclinando o rosto,
escuta,
e quando te ris, provocando o desejo; isso, eu juro,
me faz com pavor bater o coração no peito;
eu te vejo um instante apenas e as palavras
todas me abandonam;
a língua se parte; debaixo da minha pele,
no mesmo instante, corre um fogo sutil;
meus olhos me vêem; zumbem
meus ouvidos
um frio suor me recobre, um frêmito me apodera
do corpo todo, mais verde que
as ervas
eu fico
e que já estou morta
parece (…)
Mas (…)”.

Safo, Poemas

Safo

Safo – A uma mulher amada

Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala… eu quase morro… eu tremo.

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