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Sérgio Vaz

Sérgio Vaz

Sérgio Vaz – O milagre da poesia

Sérgio Vaz

Sou poeta
e como poeta posso ser engenheiro,
e como engenheiro
posso construir pontes com versos
para que pessoas possam passar sobre rios
ou apenas servir de abrigo aos indigentes.

Sou poeta
e como poeta posso ser médico,
e como médico
posso fazer transplantes de coração
para que pessoas amem novamente
ou simplesmente receitar poemas
para tristezas com alergias
e alegrias sem satisfação.

Sou poeta
e como poeta posso ser operário,
e como operário
posso acordar antes do sol e dar corda no dia,
e quando a noite chegar, serena e calma,
descansar a ferramenta do corpo
no consolo da família –
autopeças de minha alma.

Sou poeta
e como poeta posso ser assassino,
e como assassino posso esfaquear os tiranos
com o aço das minhas palavras
e disparar versos de grosso calibre
na cabeça da multidão
sem me preocupar com padre, juiz ou prisão.

Sou poeta
e como poeta posso ser Jesus,
e como Jesus
posso descrucificar­-me
e sem os pregos nas mãos e os fanáticos nos pés
andar livremente sobre terra e mar
recitando poesia em vez de sermão.
Onde não tiver milagres,
ensinar o pão.
Onde faltar a palavra,
repartir a ação.

Sérgio Vaz, Colecionador de pedras