Navegando pela Categoria

Margaret Atwood

Margaret Atwood

Margaret Atwood – Sal

Margaret Atwood

As coisas eram boas, então?
Sim. Eram boas.
Você sabia que eram boas?
Naquele momento? Na sua época?

Não, porque eu estava preocupada
ou talvez com fome
ou insone, metade do tempo.
De vez em quando tinha uma pera ou ameixa
ou uma xícara com algo dentro,
ou uma cortina branca, ondulando,
ou até mesmo uma ajuda.
Talvez a luz suave da lamparina
naquela tenda antiga,
sabotando a beleza, a plenitude,
corpos entrelaçados e chamegando,
se inflamam e então acaba.

Miragens, você decide:
tudo era nunca.
Embora sobre seu ombro lá esteja,
seu tempo repousando como piquenique
sob o sol, ainda reluzindo
embora seja noite.
Não olhe para trás, eles dizem:
você será transformada em sal.
E, no entanto, por que não? Por que não olhar?
Não é brilhante?
Não é bonito, lá atrás?

Margaret Atwood, Poemas tardios

Margaret Atwood

Margaret Atwood – Ele reaparece

Margaret Atwood

Você emerge de um monte de neve
com três cabeças, todas
as suas mãos estavam em seus bolsos

Eu disse, por acaso não
vi você em algum lugar antes

Você fingiu estar faminto
eu te ofereci sanduíches e ginger ale
mas você recusou

Seus seis olhos brilhavam
vermelhos, você tremia astutamente

Não podemos
ser amigos, perguntei;
você não respondeu.

Margaret Atwood, Políticas do poder: Poemas