Terra da liberdade! Pátria de heróis e berço de guerreiros, Tu és o louro mais brilhante e puro, O mais belo florão dos Brasileiros! Foi no teu solo, em borbotões de sangue, Que a fronte ergueram destemidos bravos, Gritando altivos ao quebrar dos ferros, Antes a morte que um viver de escravos! Foi nos teus …
Categoria: Fagundes Varela
Fagundes Varela – A mulher
A mulher sem amor é como o inverno, Como a luz das antélias no deserto, Como o espinheiro de isoladas fragas, Como das ondas o caminho incerto. A mulher sem amor é — Mancenilha — Das Armas plagas sobre o chão crescida, Basta-lhe à sombra repousar um’hora, Que seu veneno nos corrompe a vida. De …
Fagundes Varela – Não te esqueças de mim!
Não te esqueças de mim, quando erradia Perde-se a lua no sidéreo manto; Quando a brisa estival roçar-te a fronte, Não te esqueças de mim, que te amo tanto. Não te esqueças de mim, quando escutares Gemer a rola na floresta escura, E a saudosa viola do tropeiro Desfazer-se em gemido de tristura. Quando a …
Fagundes Varela – Foragido (Canção)
Minha casa é deserta; na frente Brotam plantas bravias do chão, Nas paredes limosas — o cardo — Ergue a fronte silente ao tufão. Minha casa é deserta. O que é feito Desses templos benditos d’outrora, Quando em torno cresciam roseiras, Onde as auras brincavam n’aurora? Hoje a tribo das aves errantes Dos telhados se …
Fagundes Varela – Vida de flor
Por que vergas-me a fronte sobre a terra? Diz a flor da colina ao manso vento, Se apenas às manhãs o doce orvalho Hei gozado um momento? Tímida ainda, nas folhagens verdes Abro a corola à quietação das noites, Ergo-me bela, me rebaixas triste Com teus feros açoites! Oh! deixa-me crescer, lançar perfumes, Vicejar das …
Fagundes Varella – Névoas
Nas horas tardias que a noite desmaia, Que rolam na praia mil vagas azuis, E a lua cercada de pálida chama Nos mares derrama seu pranto de luz, Eu vi entre os flocos de névoas imensas Que em grutas extensas se elevam no ar, — Um corpo de fada, — serena dormindo, Tranquila sorrindo num …
Fagundes Varela – Soneto
Desponta a estrela d’alva, a noite morre. Pulam no mato alígeros cantores, E doce a brisa no arraial das flores Lânguidas queixas murmurando corre. Volúvel tribo a solidão percorre Das borboletas de brilhantes cores; Soluça o arroio; diz a rola amores Nas verdes balsas donde o orvalho escorre. Tudo é luz e esplendor; tudo se …