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Alexander Púchkin

Alexander Púchkin

Alexander Púchkin – A Tchaadáev

Amor, glória quieta e esperança
Foram nossa breve ilusão;
Passou dessa quadra a folgança:
Sono, matinal cerração.
Mas arde em nós inda vontade:
Nosso impaciente coração
Da pátria sob autoridade
Fatal ouve a convocação.
Aguardamos com fé estuante
Da hora da liberdade soar,
Tal como aguarda o moço amante
A hora do encontro regular.
Enquanto o ardente coração
Incitam honra e liberdade,
Do íntimo a nobre agitação
Demos à pátria, amigo, e à idade.
Crê, camarada: elevar-se-á
Feliz estrela de almo dia;
Do sono a Rússia acordará
E na aversão da autocracia
Teu nome e o meu escreverá.

 

Alexander Púchkin, Poemas russos

Alexander Púchkin

Alexander Púchkin – Versos compostos durante uma noite de insônia

Tudo é sono e escuridão;
Não há luz, nem meu ser dorme.
Perto de mim, uniforme,
Só o som do carrilhão,
Da parca o senil gaguejo,
Da noite dormente o adejo,
Da vida de rato a ação…
por que me inquietas, então?
Que expressas, ruído aborrido?
Repreensão? Ou gemido por todo meu dia vão?
O que de mim ora exiges?
Convocas-me?
A logo predizes?
Gostaria de captar
Teu sentido, e o hei de achar.

Alexander Púchkin, Poemas Russos

Alexander Púchkin

Alexander Púchkin – Manhã de inverno

Há frio e sol: que manhã linda!
Tu, meu primor, dormes ainda.
É tempo, ó bela, de acordar.
Desvenda o olhar que o torpor cerra,
Encara a aurora sobre a terra
Qual fosses novo astro polar!

À noite, neve e tempestade
Houve e, no céu, névoa, verdade?
A mancha lívida do luar
Nos nimbos era amarelada.
Tristonha estavas e sentada;
E ora… à janela vem olhar:

Ao claro azul do céu que esplende,
Tapete raro que se estende,
A neve jaz a fulgurar;
O bosque, só, sobressai, preto;
Verdeja, sob a geada, o abeto;
Sob gelo, eis a água a lucilar.

Faz-se ambarino o quarto inteiro.
Vem estalido prazenteiro
Do recém-aceso fogão.
Meditar perto dele é grato.
Mas dize: queres que, neste ato,
A poldra parda atrele, não?

A deslizar na neve, amada,
Dar-nos-emos à galopada
Do equino e sua agitação.
Iremos ver os nus e imensos
Campos, faz pouco inda tão densos,
E a praia de minha afeição.

Alexander Púchkin, Poemas Russos

Alexander Púchkin

Alexander Púchkin – Canção Báquica

Que fez calar a alegre voz?
Ressoai, canções licenciosas!
Bem-vindas, moças carinhosas
E esposas tão jovens que amáveis a nós!
As taças enchei sem tardança!
No vinho a espumar,
No fundo, o jogar
Vinde (e ouvi-las soar) cada aliança!
Cada taça se erga, de vez seja finda!
Bem-vindas, ó musas; Razão, sê bem-vinda!
Astro sagrado, arde tu, sol!
Como o lampião empalidece
Ao claro surgir do arrebol,
Assim o saber falso hesita e esvanece
Ante o imortal sol da Razão.
Bem-vindo sê tu, sol; vai-te negridão!

Alexander Púchkin, Poemas Russos