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Darcy França Denófrio

Darcy França Denófrio

Darcy França Denófrio – Alga marinha

Darcy França Denófrio

Alga marinha lançada ao mar aberto,
navego à deriva — não estou presa a nada.

Quero achar o meu caminho — o do começo —
mas me instalaram nesse arremesso
e não conheço a maré do princípio
que me jogou nesse permanente risco.

Alga marinha nesse amaro mar,
sem pontos cardeais, mapa-múndi
ou estrela-guia, vivo à deriva.

Não conheço meu porto (asseguro)
e um dia só serei verdes cabelos
envolvendo corpos destroçados

que viajaram na maré montante
e chegaram afogados de aurora

à praia maior – de todos os oceanos.

Darcy França Denófrio, Amaro mar

Darcy França Denófrio

Darcy França Denófrio – Flor de cáctus

Darcy França Denófrio

Já imaginou a sede, a dor,
a privação por que passou?
O sol escaldante a se derramar
sobre o tronco e os braços?
O cáctus – irmão do deserto –
sabe de cor uma lição
e passa aprendizagem:
vai retirando de cacimbas
(de onde só ele sabe)
a água da vida e forma
suas reservas interiores.
Um dia explode
entre agudos espinhos
e hastes grotescas
a suprema flor de seda
– a mais pura delicadeza.
Flor da paciência, espera,
da obstinação e abstinência.
Flor que aprendeu a liturgia
e o rito de florescer
até mesmo no deserto.

Darcy França Denófrio, Poemas de dor & ternura