Como querer te comparar ao mar
Se o mar é parte do que cabe em ti,
E se o resumo disso que senti
É o só desejo de te navegar?
Por ti me ponho a enfrentar o mar,
E navegar-te é meu maior prazer.
E além de tudo que eu puder dizer,
Conservo o sonho e o querer te amar.
Mas eis que surge na procela um vão,
E o vento, a onda, escuridão sem fim
E o mais que habita tua imensidão
Transtornam nauta e nau em não e sim,
Como se o vento os quisesse virar,
E o navegante não dá mais de si
E o rivaliza e joga a vela ao mar,
Eis que disposto a naufragar em ti.
Cesar Nascimento, Nuvem
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