Manoel de Barros

Manoel de Barros – Caminhada

manoel de barros
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Eu vinha aquela tarde pela terra
fria de sapos…
O azul das pedras tinha cauda e canto.

De um sarã espreitava meu rosto um passarinho.
Caracóis passeavam com róseos casacos ao sol.
As mãos cresciam crespas para a água da ilha.

Começaram de mim a abrir roseiras bravas.
Com as crinas a fugir rodavam cavalos
investindo os orvalhos ainda em carne.

De meu rosto viam ribeiros…

Limpando da casa-do-vento os limos
no ar minha voz pisava…

Manoel de Barros, Poesia completa

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1 Comentário

  • Responder
    Antonio Lauro de Oliveira Góes
    10/08/2023 at 10:57

    É um poeta gigante,inconfundível,único,teluricamente lírico!!!

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