Júlia Cortines

Júlia Cortines – Só

image_pdfimage_print

Sobre o Ocaso, que a luz, refrangindo, avermelha,
Correm rapidamente as nuvens; fustigadas
Pelo açoite febril das agudas rajadas,
Que as enovela no ar e no ar as esguedelha!

E Vésper tremeluz, como branca centelha,
De momento a momento; e, quais brutas manadas,
Se atropelam, bramindo, as maretas iradas
Em torno do baixel em que minha alma ajoelha.

Ó estrela do amor, à porta rutilante
Do Ocaso para, opondo o resplendente olhar
À noite, que salteia o meu baixel errante!

Mas somes-te… e eis-me só… os abismos do mar
Tendo aos pés, e ao redor o vento sibilante,
E por sobre a cabeça o trovão a estourar…

 

Júlia Cortines, Poesias Reunidas

Você gostou deste poema?

Você Pode Gostar Também

Sem comentários

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.