Aquela que me tem, agora, presa
Minha alma, meus sentidos, meus cuidados…
E me faz sonhar sonhos desmanchados,
É uma altiva e olímpica inglesa.
Nunca tipo ideal de mais pureza
Vi nos góticos quadros mais prezados…
Seus doces olhos castos e velados
Tem um ar, infinito, de tristeza.
Tem uns gestos de deusa que caminha,
Fronte grega, e um ar grande de Rainha,
E umas mãos, como as ladies de Van Dyck…
Segue-a sempre um lacaio, e tristemente,
É por ela que eu morro, lentamente…
E ponho no bigode cosmétique.
Gomes Leal, Cinco séculos de sonetos Portugueses
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