I
Minh’alma é como a fronte sonhadora
Do louco bardo, que Ferrara chora…
Sou Tasso!… a primavera de teus risos
De minha vida as solidões enflora…
Longe de ti eu bebo os teus perfumes,
Sigo na terra de teu passo os lumes…
– Tu és Eleonora…
II
Meu coração desmaia pensativo,
Cismando em tua rosa predileta.
Sou teu pálido amante vaporoso,
Sou teu Romeu… teu lânguido poeta!…
Sonho-te às vezes virgem… seminua…
Roubo-te um casto beijo à luz da lua…
– E tu és Julieta…
III
Na volúpia das noites andaluzas
O sangue ardente em minhas veias rola…
Sou D. Juan!… Donzelas amorosas,
Vós conheceis-me os trenos na viola!
Sobre o leito do amor teu seio brilha…
Eu morro, se desfaço-te a mantilha…
Tu és – Júlia, a Espanhola!…
Castro Alves, Espumas flutuantes
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