Meu amor
venho em carta aberta, dizer o seguinte:
de ti vi nascer a paz!
Crescer árvores nos baldios das minhas solidões onde
pássaros chilreiam e anunciam o sol e a chuva ao deserto.
Tua chegada trouxe o projecto de uma casa com dois cómodos
apinhados de livros, um pomar de rica sombra e nossos netos
de todas as cores, a treparem pelas nossas bengalas e cadeiras
de verga balanceando com seus choros e fraldas molhadas;
De ti recebi o amor, verdadeiro de mais, para se esbanjar
pela cercania da mágoas. Hoje enquanto o céu caía sobre
mim, da chuva das tuas lágrimas compreendi a imperfeição
da minha alma! E o que me levou a desentender o percurso
de nós. Vejo que o abismo pode estar onde menos se espera,
até, imagina, na esquina desta entrega que nos parecia ser
capaz de superar todas as crateras e enfrentar as trevas …
quanta crueldade!
Enfim, este adiamento ao nosso reencontro e aos nossos
corações, talvez traga maior maturidade e aceitação da vida
com a serenidade das coisas simples:
Somente!
Amélia Dalomba, Aos teus pés, quanto baloiça o vento
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