Almeida Garrett

Almeida Garrett – Rosa sem espinhos

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Para todos tens carinhos,
A ninguém mostras rigor!
Que rosa és tu sem espinhos?
Ai, que não te entendo, flor!

Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar,
O mais que lhe fazes, rosa,
É sorrir e é corar.

E quando a sonsa da abelha,
Tão modesta em seu zumbir,
Te diz: — «Ó rosa vermelha,
«Bem me podes acudir:

«Deixa do cálix divino
«Uma gota só libar…
«Deixa, é néctar peregrino,
«Mel que eu não sei fabricar…»

Tu de lástima rendida,
De maldita compaixão,
Tu à súplica atrevida
Sabes tu dizer que não?

Tanta lástima e carinhos,
Tanto dó, nenhum rigor!
És rosa e não tens espinhos!
Ai! que não te entendo, flor.

Almeida Garrett, Folhas caídas

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1 Comentário

  • Responder
    Ronaldo Amaral
    13/11/2023 at 20:31

    Eu não conhecia Almeida Garret, casualmente procurei por poema que falasse sobre “Rosa sem espinhos” é assim que vejo uma mulher que tem grande afeto e desejos reais… Pois parece muito desprotegida. Faço alusões a flores sem espinhos, por causar cobiças, desejos, abusos, invejas e outros… e por falta de espinhos ” proteção” é vulnerável…” sofre e nem sequer sabe porque …!
    E por sorte encontro esse maravilhoso poema, um grande achado que já enviei a uma amiga jornalista e escritora que o achou um Primor! Certamente vai passa-lo para mais alguns e outros passarão para mais outros tantos e assim divulgamos a arte a cultura e o saber.
    Grato
    Ronaldo Amaral

    Obs: Gostaria muita de ter a dissertação desse poema, o que ele de fato quis dizer com Rosa sem Espinhos… Aquilo que minha percepção não alcança ou outra análise para melhor entende-lo.

    * Vou ler mais coisas dele e reportarei …!

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