Minha medida? Amor. E tua boca na minha Imerecida. Minha vergonha? O verso Ardente. E o meu rosto Reverso de quem sonha. Meu chamamento?…
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Se refazer o tempo, a mim, me fosse dado Faria do meu rosto de parábola Rede de mel, ofício de magia E naquela encantada…
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Florbela Espanca 22/11/2017
Florbela Espanca – Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida. Meus olhos andam cegos de te ver! Não és sequer razão do meu viver, Pois que tu és já…
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Ferreira Gullar 22/11/2017
Ferreira Gullar – As peras
As peras, no prato, apodrecem. O relógio, sobre elas, mede a sua morte? Paremos o pêndulo. Deteríamos, assim, a morte das frutas? Oh as…
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Andei léguas de sombra Dentro em meu pensamento. Floresceu às avessas Meu ócio com sem-nexo, E apagaram-se as lâmpadas Na alcova cambaleante. Tudo prestes…
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Adélia Prado 21/11/2017
Adélia Prado – Amor feinho
Eu quero amor feinho. Amor feinho não olha um pro outro. Uma vez encontrado, é igual fé, não teologa mais. Duro de forte, o…
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As nuvens se encolheram, abrindo caminho no céu, revelando a infinitude do vazio. O vento não soltou a voz; os animais se aninharam silenciosamente; …
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As ondas são anjos que dormem no mar, Que tremem, palpitam, banhados de luz… São anjos que dormem, a rir e sonhar E em…
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Almeida Garrett 20/11/2017
Almeida Garrett – Saudades
Leva este ramo, Pepita, De saudades portuguesas; É flor nossa, e tão bonita Não na há noutras devesas. Seu perfume não seduz, Não tem…
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Esta página, por exemplo, não nasceu para ser lida. Nasceu para ser pálida, um mero plágio da Ilíada, alguma coisa que cala, folha que…
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Cecília Meireles 19/11/2017
Cecilia Meireles – A Noite
A noite é essa escuridão tão envolvente que parece um exercício de morte: assim vai desaparecendo tudo, assim desaparecemos dos outros e de nós.…
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Ferreira Gullar 19/11/2017
Ferreira Gullar – Despedida
Eu deixarei o mundo com fúria. Não importa o que aparentemente aconteça, se docemente me retiro. De fato nesse momento estarão de mim se…
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Mauro Mota 19/11/2017
Mauro Mota – Se ela viesse…
Se ela viesse aqui, como eu desejo, e me encontrasse triste, a pensar nela… E si quebrasse, com o rumor dum beijo, o silêncio…
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Mia Couto 19/11/2017
Mia Couto – A primeira vez da idade
A vez que tive mais idade foi aos cinco anos. Meu pai, com solenidade que eu desconhecia, perante seus superiores hierárquicos, apontou e disse:…
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Mario Quintana 19/11/2017
Mario Quintana – Poema
Oh! aquele menininho que dizia “Fessora, eu posso ir lá fora?” Mas apenas ficava um momento Bebendo o vento azul… Agora não preciso pedir…













