Quando n’alma pesar de tua raça A névoa da apagada e vil tristeza, Busque ela sempre a glória que não passa, Em teu poema…
-
Manuel Bandeira 24/10/2018
-
O amigo, em Lisboa, pergunta o que quero de Lisboa; nada, respondo, não quero senão o que não vem nos postais mais um ou…
-
cruzaria a sala neste momento sem barulho algum o bicho afundaria nas tábuas corridas e sumiria sem que percebêssemos no sofá a falta de…
-
Cruz e Souza 24/10/2018
Cruz e Sousa – Quando eu partir
Quando eu partir, que eterna e que infinita Há de crescer-me a dor de tu ficares; Quanto pesar e mesmo que pesares, Que comoção…
-
Cora Coralina 24/10/2018
Cora Coralina – Misticismos
I A terra é templo. O lavrador é semeador. A lavoura é altar. O grão é oferta. II O lavrador e sua fala econômica:…
-
Num reino que imaginei quando infante, Minha rainha tinha os olhos teus. E naquele reino, agora distante, Eu enfrentava a inveja de Deus. Mas…
-
Caio Meira 24/10/2018
Caio Meira – Um sorriso
14, 23, 72, quantos músculos nesse sorriso, mais, quantos dentes, a força, de onde vem a instrução que o dispara em sua face e…
-
Fernando Pessoa 23/10/2018
Fernando Pessoa – Autopsicografia
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que leem…
-
Que ruído aconchegante se espalha pela casa e alcança o meu ouvido. É louça contra louça uma tampa que canta na beira da panela…
-
Quem alisa os meus cabelos? Quem me tira o paletó? Quem, à noite, antes do sono, acarinha meu corpo cansado? Quem cuida de minha…
-
Flora Figueiredo 22/10/2018
Flora Figueiredo – Sombras
Meio-dia no alfabeto. A luz incide, direto. Uma letra se projeta e fica colada no teto. O alfabeto se inquieta. Ao perceber-se incompleto, propõe…
-
Quando vim da minha terra, se é que vim da minha terra (não estou morto por lá?), a correnteza do rio me sussurrou vagamente…
-
Adélia Prado 22/10/2018
Adélia Prado – Fé
Uma vez, da janela, vi um homem que estava prestes a morrer, comendo banana amassada. A linha do seu queixo era já de fronteiras,…
-
Charles Baudelaire 19/10/2018
Charles Baudelaire – Spleen
Quando o cinzento céu, como pesada tampa, Carrega sobre nós, e nossa alma atormenta, E a sua fria cor sobre a terra se estampa, …
-
Esta gente cujo rosto Às vezes luminoso E outras vezes tosco Ora me lembra escravos Ora me lembra reis Faz renascer meu gosto De…