Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes – Soneto a Octávio de Faria

Não te vira cantar sem voz, chorar
Sem lágrimas, e lágrimas e estrelas
Desencantar, e mudo recolhê-las
Para lançá-las fulgurando ao mar?
Não te vira no bojo secular
Das praias, desmaiar de êxtase nelas
Ao cansaço viril de percorrê-las
Entre os negros abismos do luar?
Não te vira ferir o indiferente
Para lavar os olhos da impostura
De uma vida que cala e que consente?
Vira-te tudo, amigo! coisa pura
Arrancada da carne intransigente
Pelo trágico amor da criatura.

 

Vinicius de Moraes, A rosa de Hiroshima

Tudo é Poema

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes

Pablo Neruda – Ausência

Ainda há pouco… Leia Mais

2 dias atrás

Margaret Atwood – Ah, crianças

Ah, crianças, vocês… Leia Mais

2 dias atrás

Jorge Luis Borges – O labirinto

Nem Zeus desataria… Leia Mais

3 dias atrás