Rainer Maria Rilke

Rainer Maria Rilke – Morgue

Estão prontos, ali, como a esperar
que um gesto só, ainda que tardio,
possa reconciliar com tanto frio
os corpos e um ao outro harmonizar;

como se algo faltasse para o fim.
Que nome no seu bolso já vazio
há por achar? Alguém procura, enfim,
enxugar dos seus lábios o fastio:

em vão; eles só ficam mais polidos.
A barba está mais dura, todavia
ficou mais limpa ao toque do vigia,

para não repugnar o circunstante.
Os olhos, sob a pálpebra, invertidos,
olham só para dentro, doravante.

Rainer Maria Rilke, Coisas e anjos de Rilke

Tudo é Poema

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes

Pablo Neruda – Ausência

Ainda há pouco… Leia Mais

4 dias atrás

Margaret Atwood – Ah, crianças

Ah, crianças, vocês… Leia Mais

4 dias atrás

Jorge Luis Borges – O labirinto

Nem Zeus desataria… Leia Mais

5 dias atrás