Mia Couto

Mia Couto – Tardio

Quando quis ser fruto
fui fome,
não mais do que areia
de um chão sem cio.

Quando sonhei ser pano
fui agulha.
E morri no sono do gesto
de enrolar o fio.

Quando aprendi a ser poente
já não havia céu.

Quando quis anoitecer
tudo era luz.

E assim me condeno
em livre vício:
no mais derradeiro
eu só vislumbro um início.

Mia Couto, Poemas Escolhidos

Tudo é Poema

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes

Paul Auster – Canção dos graus

Nos terrenos baldios… Leia Mais

1 dia atrás

Nikki Giovanni – Pão

Eu estava sonhando… Leia Mais

1 dia atrás