Mia Couto

Mia Couto – As ruas

No tempo
em que havia ruas,
ao fim da tarde
minha mãe nos convocava:
era a hora do regresso.
E a rua entrava
connosco em casa.
Tanto o Tempo
morava em nós
que dispensávamos futuro.
Recolhida em meu quarto,
a cidade adormecia
no mesmo embalo da nossa mãe.
À entrada da cama,
eu sacudia a areia dos sonhos
e despertava vidas além.
Entre casa e mundo
nenhuma porta cabia:
que fechadura encerra
os dois lados do infinito?

Mia Couto, Tradutor de chuvas

Tudo é Poema

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes

Pablo Neruda – Ausência

Ainda há pouco… Leia Mais

12 horas atrás

Margaret Atwood – Ah, crianças

Ah, crianças, vocês… Leia Mais

12 horas atrás

Jorge Luis Borges – O labirinto

Nem Zeus desataria… Leia Mais

2 dias atrás