Dylan Thomas

Dylan Thomas – A força que do pavio verde inflama a flor

A força que do pavio verde inflama a flor
Inflama a minha idade verde; que rói as raízes das árvores
É a que me destrói.
E mudo eu sou pra dizer à rosa curva
Que à minha juventude encurva a mesma febre de inverno.

A força que através das rochas move a água
Move o meu sangue rubro; que seca os rios vociferantes
Torna em cera os meus rios.
E mudo eu sou para gritar às minhas veias
Que é a mesma boca a sorver a fonte da montanha.

A mão que faz girar a água no charco
Acorda a areia movediça; que amarra o sopro do vento,
Me arma a vela e a mortalha.
E mudo eu sou pra dizer ao enforcado
Que a minha argila e a do carrasco são a mesma argila.
O tempo com seus lábios suga as minhas fontes;
O amor goteja e coalha mas o sangue caído
Calmará suas chagas.
E mudo eu sou pra dizer ao vento como o tempo
Pulsou um céu em torno das estrelas.

E mudo eu sou pra dizer ao túmulo da amante
Que, curvo, em meus lençóis, se arrasta o mesmo verme.


Dylan Thomas, Poesia da recusa

Tudo é Poema

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes

Paul Auster – Canção dos graus

Nos terrenos baldios… Leia Mais

2 dias atrás

Nikki Giovanni – Pão

Eu estava sonhando… Leia Mais

2 dias atrás