Yves Bonnefoy – O ruído das vozes

Da voz calou-se o ruído, que te designava.
Estás só no cercado das barcas escuras.
Caminhas nesse solo a se mover, mas tens
Um canto outro que a água cinza no teu peito.

Uma esperança outra que a partida certa,
Passos tíbios, o fogo a cambalear à frente.
Não amas esse rio, meras águas terrestres,
Seu caminho de lua em que se acalma o vento.

Antes, dizes tu, antes em praias já sem vida,
Dos palácios que fui altas ruínas apenas,
Tu só amas a noite enquanto noite, alçando
A tocha, teu destino, de renúncia plena.

Yves Bonnefoy, Obra Poética