Mario Quintana – O poema do amigo

Estranhamente esverdeado e fosfóreo,
Que de vezes já o encontrei, em escusos bares submarinos,
O meu calado cúmplice!

Teríamos assassinado juntos a mesma datilógrafa?
Encerráramos um anjo do Senhor nalgum escuro calabouço?

Éramos necrófilos
Ou poetas?
E aquele segredo sentava-se ali entre nós todo o tempo,
Como um convidado de máscara.
E nós bebíamos lentamente a ver se recordávamos…
E através das vidraças olhávamos os peixes maravilhosos e terríveis cujas complicadas formas eram tão difíceis de compreender como os nomes com que os catalogara Marcus Gregorovius na sua monumental Fauna Abyssalis.

Mario Quintana, A rua dos cataventos