Eucanaã Ferraz – Dizer adeus amigo

Talvez uma hora, como saber qual?, tivesse
interrompido

o que agora é definitivo. Talvez uma sílaba,
como nas grandes máquinas a peça pequenina.

Tudo era implacável? Rumo definido?
Mas que são decretos antes de serem lidos?

Devia ter sido naquele tempo, antes do destino,
que, talvez um movimento, meu, de alguém,

um remédio, um telefonema, um e-mail,
um gesto,

e não pensaríamos agora em coisas absurdas
como Deus e o Universo. Talvez um dia,

qual teria sido?, e tudo fosse diferente, outro caminho.
Mas nada se fez. Tantas vezes nada se faz.

E o marujo seguiu só, sem nós,
que nunca deixamos de amá-lo.

Eucanaã Ferraz, Sentimental