Charles Simic – Órfãos da Eternidade
Uma noite você e eu caminhávamos.
A lua estava tão clara
Que podíamos ver a trilha sob as árvores.
Então as nuvens vieram e a esconderam
E tivemos que tatear o caminho
Até sentir areia sob os pés descalços
E ouvir as ondas quebrando.
Lembra que você me disse:
“Tudo fora deste momento é uma mentira”?
Nos despíamos no escuro
Bem na linha da água
Quando tirei meu relógio do pulso
E, sem ser visto ou dizer
Nada em resposta, joguei-o no mar.
Charles Simic, Meu anjo da guarda tem medo escuro – Tradução, Ricardo Rizzo