Cacaso – Explicação do amor

O amor em seu próprio corpo
recebe os cacos que lança:
Diálogo de briga ou rinha
em tom de magia branca.

O amor, o dos amantes,
é sangue da cor de crista:
Coagula insensivelmente
nas polifaces de um prisma.

O amor nunca barganha,
que trocar não é seu fraco:
Recebe sempre entornado
como a concha de um prato.

Amor não mata: previne
o que vem depois do susto:
Modela o aço e o braço
que vão suportar o muro.

O amor desconhece amor
sem ter crueza por gosto:
Contempla-se diante do espelho
sem nunca ver o outro rosto.

Cacaso, Poesia completa