Antonio Carlos Secchin – Autoria

Por mais que se escoem
coisas para a lata do lixo,

clipes, cãibras, suores,
restos do dia prolixo,

por mais que a mesa imponha
o frio irrevogável do aço,

combatendo o que em mim contenha
a linha flexível de um abraço,

sei que um murmúrio clandestino
circula entre o rio de meus ossos:

janelas para um mar-abrigo
de marasmos e destroços.

Na linha anônima do verso,
aposto no oposto de meu sim,

apago o nome e a memória
num Antônio antônimo de mim.

Antonio Carlos Secchin, Hálito das pedras