Antero de Quental – Despondency

Deixá­-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade…
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram…

Deixá­-la ir a vela, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram…

Deixá­-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa…

Deixá­-la ir, a nota desprendida
Dum canto extremo… e a última esperança…
E a vida… e o amor… deixá­-la ir, a vida!

Antero de Quental, Melhores poemas