Aleksandr Blok – Do ciclo versos sobre a bela dama

No templo de naves escuras, 
Celebro um rito singelo. 
Aguardo a Dama Formosura 
À luz dos velários vermelhos. 

À sombra das colunas altas, 
Vacilo aos portais que se abrem. 
E me contempla iluminada 
Ela, seu sonho, sua imagem. 

Acostumei-me a esta casula 
Da majestosa Esposa Eterna. 
Pelas cornijas vão em fuga 
Delírios, sorrisos e lendas. 

São meigos os círios, Sagrada! 
Doce o teu rosto resplendente! 
Não ouço nem som, nem palavra, 
Mas sei, Dileta – estás presente.

 

Aleksandr Blok, Poesia russa moderna